Cultura
Por: Amanda da Silva Marques
Dados Coletados da Entrevista
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Por que a senhora resolveu tornar pública essa
relação?
R.: Porque quis ter minha
dignidade preservada. Como todo mundo, quero ser aceita, ter liberdade, ser
respeitada. Não suportaria ficar escondida. E o único jeito de não ficar
escondida, com medo das fofocas, foi tratar isso como uma coisa natural - que,
de fato, é.
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A senhora disse que o fato de o deputado Marco
Feliciano ter assumido a presidência da Comissão de Direitos Humanos
influenciou a decisão de falar sobre a sua união. Em que medida?
R.: Claro que esse
contexto político, a inadequação desse deputado ao posto, tudo isso me deu
força. Mas eu acho que, quanto mais se falar das relações homossexuais, mais
elas vão se tornar naturais para as outras pessoas. Antigamente, as mulheres
sentiam vergonha de ser desquitadas. Isso passou. E passou porque a situação se
tornou natural. Eu quero ajudar a fazer com que o amor entre duas pessoas - no
caso, duas mulheres - também seja encarado por todo mundo como algo normal.
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Como seus pais e filhos reagiram à situação?
R.: Falei com cada um.
Para o meu pai, eu telefonei, e disse que tinha me apaixonado por Malu. Ele me
perguntou: “Minha filha, não é um pouco cedo para você viver essa relação?”. Eu
disse que não, e que queria levar Malu para ele conhecer. Claro que não foi
fácil. No fim da ligação, ele disse que não conseguia entender direito, mas que
me amava. Minha filha de 15 anos perguntou se eu estava feliz e eu disse que
sim. Depois que eu e Malu colocamos as fotos na internet, ela me mandou uma
mensagem: “Vocês estão fazendo a maior confusão”. E, logo depois, mandou outra:
“Vocês estão lindas nas fotos”.