Cultura
Por: Gustavo Gonçalves Carlos
Scott Pilgrim
é um canadense de vinte e poucos anos, sem emprego, sem muito dinheiro, sem
grandes pretensões. Namora uma colegial chinesa de dezessete anos e divide o
quarto com um colega gay. Quando não está ensaiando com sua banda de rock,
passa o tempo jogando videogame ou, simplesmente, não fazendo nada. Sua querida
rotina, porém, é sacudida quando seu subconsciente é invadido por uma
misteriosa patinadora americana de cabelo colorido. Ramona Flowers.
Desde o instante em que se depara com ela, o rapaz fica obcecado. Com seu
jeitinho próprio, aos poucos consegue se aproximar da moça, mas acaba
descobrindo que para conquistá-la terá de lidar com uma série de problemas.
Mais especificamente, uma série de ex-namorados malvados. Começa então uma saga
para derrotar a Liga dos Ex-namorados do Mal de Ramona, quando terá que
subjugar os mais variados inimigos enquanto sofre para manter em prumo sua
antes tão tranquila vidinha.
Sim. É absurdo. É Louco. É sem-noção. Mas é divertidíssimo. Conheci Scott
Pilgrim através do filme, que conheci através de um amigo depois de ouvi-lo
contar sobre esse filme em que “o personagem está tocando num show de rock
quando um indiano de poderes místicos entra pelo teto e o desafia para uma
batalha até a morte”. Sério. Como não querer conhecer algo desse tipo?
Acho que gostei tanto da história porque me identifico com seus personagens e
seu cenário. Ele fez-me sentir nos últimos anos do colégio (mesmo que eu esteja
no 8 ano), quando a vida era tranquila e cada pequeno problema parecia um atroz
final boss de um videogame. A rotina de Scott foi por muito tempo foi a minha –
videogame, rock, não fazer nada –, e eu gostaria muito de tê-la de volta.
A edição brasileira, publicada pela Cia de Letras, compila os dois primeiros
volumes da série, numa graphic novel de 368 páginas com bom acabamento gráfico
e ótimo preço. Em outras palavras, um perfeito suporte para acompanharmos as
desventuras de Scott, que priorizam o nonsense, a comédia e as referências à
cena indie e ao mundo dos videogames.
Embora Scott Pilgrim: Contra o Mundo possa não apetecer aqueles que não se
identificam com os interesses e o estilo do personagem, acredito que muitos
irão se enxergar nas loucas estripulias do rapaz. Comparado com o volume
seguinte, este primeiro vem com um ritmo e alguns cortes estranhos,
especialmente porque as páginas em preto e branco e os traços simples tornam
alguns personagens parecidos entre si, propiciando a confusão para iniciantes
nos quadrinhos – como eu. Não obstante esses detalhes, recomendo a obra com
todo meu entusiasmo. Se preferir não arriscar-se de primeira, alugue o filme,
que retrata a história de maneira fiel e igualmente divertida é muito bom o
filme aconselho a todos.